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Entrevista à Dra. Flora Silva - Presidente da Assembleia Municipal de Viana do Castelo


1. Como iniciou o seu percurso profissional?

Eu iniciei o meu percurso profissional em 1969 como professora e fui professora de língua portuguesa, francesa, cultura e de literatura francesa.


2. Sabemos que foi vereadora da Cultura, Educação e Desporto da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Pode falar-nos sobre o trabalho que desenvolveu?

Fui durante 4 mandatos vereadora da cultura, do desporto, da educação e vice-presidente da Câmara Municipal. Gostei muito desse trabalho e tive a oportunidade de conhecer muita gente boa que trabalha em várias associações desportivas, culturais e recreativas de forma voluntária e de puder fazer alguma coisa pela minha cidade e pelos meus concidadãos, fazendo com que a educação tivesse mais qualidade, que a cultura tivesse mais oportunidade de chegar ao povo e, no desporto procurar construir um projeto de desporto inclusivo. O meu grande objetivo ou a minha grande missão foi dar oportunidade a todos para terem acesso ao desporto, à cultura e à educação plena porque esta nos prepara para a vida. Gostei muito, foram anos de muito trabalho, em que eu não tinha descanso, mas fi-lo de uma forma muito apaixonada, guardo recordações muito bonitas desse trabalho.


3. Que cargos ocupa atualmente?

Atualmente sou a presidente da assembleia municipal que é um órgão político que tem por missão vigiar o governo da Câmara municipal e sou também a provedora dos estudantes do Ensino Superior Politécnico, uma figura que ouve os problemas dos alunos e orienta-os para a sua resolução. Do ponto de vista solidário, sou a presidente da Cruz Vermelha de Viana do Castelo. Sou a madrinha da Associação Musical de Vila Nova de Anha, Tuna dos Veteranos e vou amadrinhando algumas instituições da cultura, da educação ou do desporto. Também sou avó, mãe e tenho a minha vida normal na família.


4. Que funções desempenha na Cruz Vermelha de Viana do Castelo?

Desempenho a função de presidente num grupo que dirige a Cruz Vermelha e que é composta por 9 elementos. A Cruz Vermelha tem uma série de atividades. Tem uma função principal que é a emergência, depois tem um setor social que procura acudir dificuldades financeiras e problemas familiares. A Cruz Vermelha tem como missão acudir os que mais precisam, os mais vulneráveis, quer em questões de saúde quer em sociais.


5. Que medidas têm sido tomadas pela Câmara Municipal de Viana do Castelo para melhorar as acessibilidades das pessoas com mobilidade reduzida?

A Câmara tem feito um grande esforço embora ainda não seja suficiente. Há sempre que fazer, por se no papel das pessoas com dificuldades. As primeiras coisas que fizemos foram as rampas de acesso nas ruas. Outra ação muito importante foi a implementação das praias sem barreiras, através de um equipamento que permite às pessoas com dificuldades motoras de ir a água. Outro projeto também muito interessante foram as rampas de acesso aos edifícios públicos. Nas escolas colocamos elevadores ou elevadores de escadas. Fizemos as primeiras traduções de livros em braille. Procuramos tomar muitas destas medidas e fazer muitas ações de sensibilização para que o público se pusesse na pele das pessoas que tem dificuldades. Muitas vezes são ações educativas para as pessoas perceberem que não podem ser egoístas. Temos de nos por na pele do outro para percebermos que com pequenas medidas se podem conseguir grandes coisas, facilitar a vida das pessoas com dificuldades.


6. Qual a sua opinião acerca da empregabilidade para pessoas com deficiência no distrito de Viana do Castelo?

Eu acho que esse deve ser um grande objetivo. Mas infelizmente, ainda não se cumpre na totalidade sobretudo, nesta época em que o desemprego é muito alto. Na legislação está consagrado que sempre que se mete um determinado número de funcionários, se aparecer alguém com mobilidade reduzida ou outra deficiência, desde que cumpra a lei, deve ser também incluído. Muitas vezes, esta regra tem sido esquecida, porque às vezes as pessoas não concorrem e assim também não entram. Na Câmara Municipal temos vários exemplos de pessoas com problemas visuais ou também da vossa área, que estão perfeitamente integrados. Acho que é um direito e que o Estado tem que estar atento e ajudar a integrar essas pessoas, que são pessoas perfeitamente válidas e que fazem as coisas como fazem os outros. Não tem que haver preconceitos.


7. Conhece a Associação de Paralisia Cerebral de Viana do Castelo? Qual a sua opinião acerca do trabalho da mesma?

Conheço muito bem a APCVC. Tem um trabalho extraordinário, um trabalho que procura dar dignidade a todos que precisam e a todos os que nela trabalham. Tem um papel fundamental para integrar as pessoas com deficiência, retirá-las de casa e integrá-las na sociedade. Esta associação é desse ponto de vista exemplar. Mas não é só exemplar nesse aspeto, mas também no profissionalismo, na forma como faz as coisas, com técnicos da maior qualidade, gente de uma enorme sensibilidade, que procura estar atenta e que vai ao encontro das pessoas. Todos nós temos algumas deficiências. Todos nós. Só que umas são visíveis e outras não se escondem. Ninguém é perfeito, todos nós vivemos com as nossas imperfeições. É muito importante saber viver com as nossas imperfeições, ultrapassá-las e isso é que torna a vida gira, interessante e desafiadora. A “gostosura” da vida é mesmo essa: desejar ser perfeito e sermos imperfeitos. A vida é interessante porque tem desafios, barreiras para ultrapassar.


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