Entrevista ao Eng.º José Maria Costa, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo
1. Está preocupado com o futuro dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo? Naturalmente que estou muito preocupado. Os Estaleiros Navais são uma grande empresa de Viana do Castelo e que para além de empregar muitas centenas de pessoas, é uma empresa que está muito ligada à vida da cidade. Por isso, quando o estaleiro corre perigo, eu diria que a cidade também corre perigo. Neste sentido, tenho feito tudo o que está ao meu alcance, no sentido de dizer ao governo que esta empresa é muito importante para a vida da cidade e da região. Para além disso, há outro sentimento, é que ao estarmos a defender os estaleiros, estamos a defender uma área muito importante no nosso país. Portugal é um país do mar, um país de marinheiros, um país que teve uma grande visão do mundo e a construção naval e marinha foi algo que estive sempre ligada à nossa história. Se os estaleiros navais de Viana do Castelo fecharem, Portugal fica sem empresas que construam navios. E o país que é um país marítimo e que tem uma tradição de mais de 800 anos de história, acho que não devemos perder esta competência, este saber fazer que se ganhou ao longo dos anos. É um dever nacional de se proteger os Estaleiros, de manter esta empresa, porque estamos a manter uma coisa que é nossa, de todos os portugueses. É uma empresa e uma actividade que nos diz muito como povo.
2. Qual a sua opinião acerca do plano de reestruturação das freguesias e que impacto terá para Viana do Castelo?
Eu diria que esta legislação não é muito feliz, para ser simpático. Eu penso que as freguesias como foram definidas se devem manter. Nós podemos pensar em formas de cooperação, em formas de optimização, mas acho que não devemos perder aquilo que é o valor simbólico das freguesias, a nossa história. Aquilo que nós temos consciência é que as freguesias rurais, que não são da cidade, fazem um ótimo trabalho de apoio às populações. As reformas quando se fazem são para melhorar os serviços às comunidades; esta reforma, no nosso caso concreto não ia melhorar mas sim criar dificuldades às pessoas. Os idosos ficavam mais abandonados, os apoios às escolas e à infância ficavam piores, os apoios às iniciativas culturais e à defesa do património ficavam piores, ou seja, não íamos ter ganhos com isto. As freguesias têm culturas diferentes, não são todas iguais e temos de privilegiar também a diferença. A isso chama-se identidade cultural e para nós conseguirmos ter uma riqueza, temos que ter a nossa autenticidade e diversidade cultural. Podemos, sim, pensar em alternativas. Em vez de serem 10 ou 15 eleitos nas assembleias de freguesia, podem só ser eleitos 5. Não podemos é acabar com uma função que presta um bom serviço às populações. Portanto, sou contra esta lei.
3. A cidade de Viana do Castelo ainda apresenta algumas barreiras arquitectónicas para pessoas com deficiência. Que iniciativas tem a Câmara de Viana do Castelo vindo a desenvolver para minimizar o impacto das barreiras arquitectónicas?
A cidade já tem menos barreiras do que tinha. Eu penso que ao longo dos anos se tem vindo a fazer um trabalho importante, não só nós mas também a nível nacional - a legislação – no sentido de se eliminar barreiras. Embora nós saibamos que há sempre barreiras que são importantes e que ainda não estão resolvidas. Neste sentido, temos vindo a implementar um novo projeto, o projecto Rampa, com o objectivo de eliminar algumas barreiras arquitectónicas. Vamos continuar trabalhar para as irmos eliminando gradualmente. Nas cidades antigas nem sempre é fácil harmonizar os edifícios. Por exemplo, este edifício (Câmara Municipal) não foi pensado de raiz para ser acessível para todos. É um edifício antigo que tem valor histórico. Eu não vos pude receber no meu gabinete e isto já demonstra a dificuldade. A parte nova, foi inaugurada em 1993 e não ficou com o elevador acessível ao mesmo piso. Nos espaços públicos, nos passeios e nos parques temos vindo a eliminar as barreiras. É um trabalho que nunca podemos parar e este novo projecto vai lançar novas iniciativas.
Qual a sua opinião acerca do trabalho que a APCVC tem vindo a desenvolver?
Eu penso que a associação tem feito um enorme trabalho, um trabalho muito meritório. Nós sabemos que estas associações lutam com muitas dificuldades. É uma associação nova, tem poucos anos, precisou de se implantar, de ganhar credibilidade. Quer a equipa dirigente, quer a equipa técnica estão de parabéns pelo trabalho que têm feito. Naturalmente que precisam de ter melhores instalações e melhores condições de trabalho. E esse é um trabalho que em conjunto vamos ter que fazer e estamos a trabalhar para isso. Mas estão de parabéns porque a associação tem feito um ótimo trabalho.
Está a pensar recandidatar-se a Presidente da Câmara?
É uma pergunta interessante. Primeiro, tenho que fazer uma avaliação do trabalho que desenvolvi. Se não tiver alcançado os objectivos a que me propus, nem sequer penso em me recandidatar. Se tiver alcançado, o passo seguinte é falar com a minha mulher. O conselho de administração lá de casa também tem que decidir se avanço ou não avanço.